Março Mulher: Elas em destaque
À frente da Secretaria de Políticas Especiais, Fernanda Fonseca é formada em Serviço Social e tem 34 anos. Essa pasta é responsável por promover políticas públicas voltadas para a juventude e à população que tem seus direitos ameaçados ou discriminados por questões raciais ou de gênero.
Com pós-graduação em Gestão e Elaboração de Projetos Sociais, a titular da secretaria é uma mulher negra com vivência na luta pela dignidade das mulheres. Essa representatividade em uma posição de comando pode ser entendida como um avanço no combate à desigualdade no município.
Casada e com um filho de três anos, Fernanda cresceu e continua morando no Itapicuru, bairro popular da cidade, e sempre estudou em escola pública. A sua vivência permitiu que ela entendesse desde cedo a importância de oferecer mais oportunidades para todos, em especial, para as mulheres.
Nesse sentido, há uma vontade da nova gestão municipal de efetivar a participação feminina nos diversos espaços de poder. Segundo a secretária, esse empenho do Governo favorece também a população, que terá acesso a um serviço público mais representativo.
Quando uma mulher é indicada para um cargo de confiança, sempre tem alguém que nos olha tentando nos desqualificar para aquela função. Mas a gente tem comprometimento e profissionalismo para ocupar esses espaços, ressalta.
Embora valorize as conquistas, Fernanda considera que é preciso continuar avançando contra as desigualdades e também em outros aspectos. A participação feminina no atual governo é bastante positiva. Quem ganha é a população. Mesmo assim, as mulheres podem e precisam ter mais espaço em todos os ambientes, reconhece.
Há cerca de um ano, ela foi convidada a participar do projeto _Por Todas Nós_. Idealizado pela advogada Naiaringrid Helena Ribas, a iniciativa tem como objetivo oferecer gratuitamente assistência jurídica, psicológica e social para mulheres de baixa renda que sofreram violência doméstica.
De acordo com uma pesquisa recente do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a cada minuto, 25 mulheres sofreram violência doméstica em 2020 no Brasil. A maioria desses casos parte de parceiros ou homens que tiveram algum relacionamento com a vítima. Foi para somar nessa luta pela proteção das mulheres que Fernanda aceitou o convite para contribuir com o projeto.
A secretária acredita na força de cada mulher para superar a opressão. Entretanto, para isso, é preciso que elas encontrem apoio e sejam orientadas por pessoas que podem ajudar. Uma das estratégias do projeto é ofertar cursos que possibilitem independência financeira para as vítimas. Assim, elas poderão se libertar de seus agressores.
Muitas vezes a mulher não sabe dos seus direitos. Mas ela pode se erguer. Eu já vi muitas mulheres conseguirem se libertar do agressor depois do nosso atendimento, no qual orientamos sobre algum tipo de curso. Com a qualificação, elas passaram a ter renda própria, conta.
Por isso, a partir das experiências com o _Por Todas Nós_, já existem planos para que a Secretaria de Políticas Especiais ofereça cursos de qualificação para mulheres de baixa renda e vítimas de violência em Cruz das Almas. A ideia é continuar investindo na valorização e conscientização acerca das questões de gênero, como na campanha do Março Mulher.
